16/04/2009

Ser ou só ser Empreendedor?


Por Heloisa Helena Berto

Empreendedor, empreendedorismo, ser um empreendedor: estas são as palavras chaves do mercado de trabalho atualmente. Para todos os lados que olhamos vemos estas palavras escritas em “outdor”, panfletos e bancas de jornal. São dezenas de revistas especializadas no assunto. Ouvimos em cada entrevista de emprego a pergunta subtendida: Existe neste candidato o espírito empreendedor?

Esta é a exigência do mercado, pois vivemos em uma sociedade em que se proclama o empreendedorismo como um dos fatores fundamentais para a conquista no espaço profissional.

Mas afinal somos todos empreendedores? O mercado de trabalho suporta um contingente de 100% de empreendedores? Eu tenho que nascer empreendedor ou posso me tornar um? E por falar nisso o que é ser um empreendedor?

Este novo milênio em que vivemos pertence a profissionais com algo mais a oferecer do que o conhecimento, a experiência e a atitude, que formam a trilogia da competência.

O profissional do terceiro milênio, além de ser generalista, multicultural e multifuncional, precisa de algo que o eleve, que o diferencie. Algo que existe em potencial no interior de cada um: o espírito empreendedor.

Ter esse espírito empreendedor é altamente desejável. Este é o estado de espírito em que o funcionário age como se fosse dono da empresa, parceiro da organização, comprometendo-se, investindo, assumindo riscos, zelando pelo bem da empresa. São atitudes que podem levar ao topo, a patamares altíssimos e a uma certeza de que esta sinergia de esforços levará a realizações recíprocas.

Os empreendedores são naturalmente agentes de mudanças, a esperança de futuro das organizações; estes são necessários não somente para iniciar novos empreendimentos, mas para dar sentido e existência às empresas. A função primordial desses catalisadores de valores é conceber visões de negócios e transformá-las em realidade de negócios.

Os intra-empreendedores costumam ter uma atitude naturalmente desafiadora, isso os leva a serem mal compreendidos pelos seus superiores tradicionais, eles sofrem com dirigentes que costumam bloquear iniciativas e idéias promissoras. A eterna criatividade que induz à aplicação de conceitos inovadores à empresa, a capacidade inata de identificar problemas e elaborar soluções inovadoras, o estabelecimento de metas auto-determinadas, e muito mais que isso, a tendência constante de tomar iniciativas que não lhe foram pedidas desequilibram seus líderes. Líderes estes que não têm o mesmo potencial inovador e criativo e, portanto, optam por uma gestão metódica e previsível. Eles se sentem ameaçados com todas estas atitudes não convencionais e questionadoras que podem levar a mudanças comportamentais da equipe. As mudanças são pressupostas de reflexões, racionalizações e conflitos, embora o significado da palavra em latim seja “lutar junto”, chefes definitivamente não gostam de conflitos, pois desafia não só a autoridade como o conhecimento.

Coragem é a palavra apropriada. Há de se tê-la para não levar os intra-empreendedores a riscos de demissões. Os líderes precisam saber aproveitar construtivamente e produtivamente todo esse potencial criativo, esta natural orientação para ação, esta indefinição de tempo entre o pensamento e a execução alinhados em um sonho.

A motivação que impulsiona os empreendedores é a satisfação de uma necessidade pessoal de realização, criando novos produtos e serviços que tenham significado para eles e traga realização aos clientes de uma organização.

A meta principal a ser alcançada não é o enriquecimento pessoal nem a remuneração régia. Estas são conseqüências de um bom trabalho com planejamento fundamentado em bases sólidas e firmes em que o foco, a responsabilidade, a pesquisa contínua, a flexibilidade, a iniciativa, o otimismo, a perseverança, o comprometimento e a intuição, são determinantes.

Caso todos estes fatores não sejam levados em conta, por mais alto que este espírito empreendedor vá, sem bases sólidas não há como prosseguir. O que os empreendedores procuram basicamente é liberdade de ação. Eles precisam da delegação de poder para agir, tanto quanto precisam de compensação material que virá como reconhecimento pelas suas ações.

Vivemos em uma época de rápidas mudanças econômicas e tecnológicas ditadas pela globalização. É necessário o emprego das vantagens competitivas dentre as quais espírito empreendedor é o poderoso recurso que deve prevalecer.

"Empreendedorismo é comportamento e não traço da personalidade”. Estas palavras de Peter Drucker definem a apropriação do uso desta habilidade. O indivíduo não nasce empreendedor. Alguém efetivamente interessado poderá tornar-se empreendedor através de um processo de qualificação para que possa atuar com chance de sucesso no mercado.

Identificar o empreendedor oculto que existe em cada um de nós é uma descoberta a que todos podem se dispor. Em alguns, esse potencial pode ser tão forte que, de fato, faz parte da natureza dessas pessoas. É a predisposição para a criatividade, para aceitar os desafios, para a resiliência, características marcantes que definem um profissional de outros. É, enfim, a marca da iniciativa, da capacidade de realizar, do sucesso. Portanto a questão é: ser ou só ser empreendedor!


Heloisa Helena Costa Berto é professora da área de Administração de Empresas, com MBA em Educação Corporativa e Pós-Graduação em Administração Estratégica.

FONTE: http://www.empreendedor.com.br/

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