28/03/2009

Crise Mundial não Bate de Porta em Porta

Balanço anual da Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD) revela que crise mundial não afetou o setor de vendas diretas. De outubro a dezembro de 2008, o setor obteve crescimento real de 8,7%, movimentando R$ 5,5 bilhões. O setor encerrou o ano com mais de 2 milhões de revendedores ativos em todo o Brasil. A marca supera em 7,2% a obtida em 2007. Expansão do canal e aumento da venda média de cada revendedor em 6,4% são apontados como principais fatores a alavancar o resultado.

No último trimestre de 2008, foram comercializados 444 milhões de itens, incluindo produtos e serviços, sendo este um resultado 12,5% superior a igual período do ano anterior. Nos últimos 12 meses, foi vendido mais de 1,5 bilhões de itens, um crescimento de 11,3%.

Dados de uma grande empresa nacional de cosméticos, referentes a 2008, apontam que sua receita líquida consolidada atingiu R$ 3,6 bilhões, 17,7% superior à de 2007. O lucro líquido de R$ 542,2 milhões foi 17,3% maior, enquanto o Ebitda (indicador financeiro utilizado pelas empresas de capital aberto, que contabiliza o lucro antes do juro), de R$ 859,9 milhões, cresceu 22,5%. A empresa encerrou o ano com saldo em caixa de R$ 350,5 milhões. Segundo o presidente da ABVED, Lírio Cipriani, o terceiro trimestre de 2008 movimentou R$ 4,9 bilhões, apontando para aceleração do setor. Cipriani diz que a ABVED fechou 2007 com 1,9 milhões de vendedores e um faturamento de R$ 16 bilhões.

Relação direta com cliente contribui

A acentuada desaceleração da atividade econômica do País contrasta com o crescimento do setor de vendas diretas. Segundo o IBGE, as vendas do comércio no País, no quarto trimestre de 2008, apresentaram retração de 2,3% em comparação com o terceiro. Do outro lado, o balanço anual da ABEVD mostra que o faturamento bruto do setor cresceu 12,6% no quarto trimestre se comparado com o terceiro.

Lírio Cipriani, da ABVED, cita a relação direta entre consumidor e vendedor como a mola-mestra do crescimento do setor. O fato de a atividade não estar calcada no crédito comum é um ponto muito positivo. Afirma ainda que o crédito existente neste tipo de relação comercial é baseado na confiança do vendedor no consumidor. Como a relação existente entre as partes é, supostamente, de confiança, este tipo de crédito informal tem funcionado muito bem.

Renda extra

Analista de Tecnologia da Informação, Daniella Balbino Alves, 25, trabalha com venda direta há seis meses. Ela encara a atividade como um complemento da renda. Daniella se interessou pela atividade, a princípio, por meio de uma amiga, que queria adquirir um produto e não encontrava uma vendedora. A amiga entrou em contato direto com a empresa e descobriu que ela mesma poderia fazer o pedido e também ser consultora. Mas, para ser consultora, precisava de um valor mínimo no pedido, então a amiga propôs a sociedade no pedido, que a analista aceitou. Outro fato que ajuda o setor é a natureza dos produtos comercializados. 88% deles são de cuidados pessoais, e esse tipo de mercadoria já não é considerada supérflua pelos consumidores.

Daniella considera que a crise não a afetou. Em seis meses de venda direta, ela não notou queda no faturamento. "No Natal, vendi mais que nos outros meses e, no início do ano, as vendas caíram um pouco. E esse comportamento é normal, independente de crise." Ela confirma que a natureza dos produtos comercializados ajuda nessa estabilidade. "As pessoas não deixam de usar perfume, sabonete", exemplifica.

Retorno financeiro garantido

A representante de cosméticos Simone Alves Gonçalves de Souza, 39, trabalha com venda direta há nove anos. Quando teve filhos, não pôde continuar no serviço formal e encontrou uma alternativa para gerar renda. Desde o primeiro mês, notou excelente retorno financeiro e assumiu a atividade como profissão. Atualmente ela representa duas marcas; planeja abrir um escritório e formar uma equipe de vendedores para as marcas que representar. Segundo Simone, novembro e dezembro de 2008 foram meses excelentes com relação às vendas. Nesse período, a crise não afetou o setor. A partir de janeiro, sentiu um pequeno abalo nas vendas em relação a outros inícios de ano, mas diz que essa queda é natural e decorrente do início do ano letivo.


Gustavo Martins
Diário da Manhã – GO, Economia, 22

FONTE: ABEVD

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