27/11/2008

Não dê o peixe. Ensine a pescar

Aprendendo a pescar
por Sergio Buaiz



O líder não precisa de ninguém em especial. É como um pescador, que solta as iscas no mar e espera por algum tempo. Ele quer saber se há peixes com fome na região. Quanto mais imóvel fica a bóia, melhor, pois qualquer movimento brusco espanta os peixes e acaba com a pescaria.

Se o tempo passa e os peixes não tomam a iniciativa, o que ele faz? Parte para outro local e repete o processo, até encontrar um peixe guloso.

O pescador muda de lugar sempre que necessário. Daí, quando a bóia se mexe, o que ele faz? Puxa! Fisga! É assim que funciona.

Se o peixe come a isca sem ficar preso, o pescador admite a derrota na batalha e elogia: “que peixe esperto”! Por outro lado, quando é fisgado, o pescador solta o anzol e o devolve ao mar, como se dissesse: “vê se aprende a desviar das armadilhas, hein?!”

Assim como na pesca esportiva, o líder se diverte ensinando o maior número de pessoas a escaparem das armadilhas. Afinal, cada peixe devolvido ao mar leva a dor e a experiência do que aprendeu.

Neste negócio é a mesma coisa. O líder não perde o seu tempo procurando ninguém. Ele deixa as iscas no caminho e espera que os interessados venham ao seu encontro. Paciência e persistência garantem os resultados.

Sabemos que a melhor “isca” disponível fala de dinheiro, tempo e segurança. Todas as pessoas têm fome de oportunidades e qualidade de vida. Por isso, invariavelmente, encontramos um bom peixe.

Uma vez fisgado, o interessado sente a dor do anzol: desemprego, crise, salário baixo, inflação, dívidas, estresse, chefe e hora extra. A dor incomoda e o peixe pensa que vai morrer, mas o pescador já fez a sua parte. Agora, o peixe é devolvido ao mar com uma ferida exposta e não morre, mas sofre até cicatrizar.

Alguns peixes caem na mesma armadilha duas, três ou cinco vezes. Outros, acabam morrendo de tanto sangrar. Entretanto, existem peixes que assimilam rapidamente a experiência e mudam a forma de pensar. Uma vez curados, aprendem a desviar dos obstáculos e a comer as iscas sem se ferir.

O líder faz o mesmo com seus prospectos: atrai, fisga, fere, ensina e liberta.

Atrair é uma questão de probabilidade e postura. Se você joga a isca certa e mantém a água parada pelo tempo necessário, uma, duas ou cinco vezes seguidas, tem resultados. Quanto mais vezes repete o processo ao longo do tempo, mais peixes de qualidade encontra.

Saber a hora de fisgar é 100% prática. No início, as pessoas têm dificuldades em manter a água parada e tendem a puxar a linha muito cedo. Com isso, perdem- se muitas chances e algum tempo para aprender.

Puxar a linha com muita força também é um risco, pois a linha se rompe e você perde até o anzol.

O segredo, então, é manter-se atento para notar pequenas variações na água. Quando isso acontece, basta puxar corretamente. Os peixes mordem a sua isca e não têm como escapar. É simples, mas requer algum treino.

Ferir, por sua vez, é só uma figura simbólica. Significa que o líder não poupa ninguém dos desafios e adversidades do caminho. Aliás, quem fere é o anzol, e não o pescador. O papel do líder é lançar desafios e mexer com os brios do aprendiz, para que ele comece a caminhar com as próprias pernas.

O líder sabe que a dor do crescimento é uma experiência necessária. Cair diante de um obstáculo, muitas vezes, é o impulso que precisamos para nos levantar e superar os nossos próprios limites. Por isso, quanto mais rápido atravessamos essa fase, melhor.

Uma vez ferido, o aprendiz decide ouvir o líder. É a hora de ensinar, através de todos os meios — materiais, eventos e exemplos — tudo o que é necessário saber para desenvolver esse negócio.

A fase do ensino é a mais demorada, pois requer um acompanhamento freqüente, por vários meses seguidos.

Somente quando o aprendiz está totalmente formado, com experiência acumulada em todas as fases do negócio, ele se torna seguro. Até lá, o líder é quem deve cuidar da organização e manter um olhar atento sobre o seu grupo.

O papel do líder termina aí. Quando o aprendiz completa o ciclo, é a hora de devolvê-lo ao mar, para que ambos possam voltar à pescaria. Isso sim é duplicação.

Em quanto tempo acontece? Depende do líder e do aprendiz. Quanto mais cedo o peixe aprende a escapar do anzol, mais cedo ele se liberta.

Uma vez curado das dores, o aprendiz começa a crescer com mais tranqüilidade e consistência.

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